Visão dos desafios do setor pela Fenasaúde

Nesta semana, participei do 4º Fórum de Saúde Suplementar, promovido pela Fenasaúde. Esta instituição sempre me impressionou pela qualidade naquilo que faz. Confesso que, como atuária que iniciou a carreira no mercado segurador, sempre admirei a CNseg (Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais) e, desde a criação da Fenasaúde, sua atuação no mercado da saúde suplementar tem sido marcada por colocações altamente qualificadas, conteúdo relevante e participação ativa no segmento.


Neste quarto fórum, que contou com mais de 3 mil participantes e inovou no uso da tecnologia, privilegiou os participantes que interagiram com as ferramentas e marcou na história da saúde por ser um momento de discussão ativa da problemática atual, Além de alternativas que mitigam estes riscos.

Temas e assuntos do 4º Fórum de Saúde Suplementar

A provocação e escolha dos temas para o 4º Fórum de Saúde Suplementar foram muito assertivas. Haviam provocações pelo salão do evento questionando:

“Por que os custos assistenciais sobem acima da inflação?”

“Desafios da APS: infraestrutura, formação profissional e cultura.”

“Como colocar o beneficiário no centro da atenção?”

“Inovação tecnológica: custo ou benefício?”

“Qual o impacto do desperdício, abusos e fraudes na mensalidade?”

Para todas estas questões, ouvimos nestes dois dias que “não tem bala de prata”. Não há solução única que nos trará o mundo dos sonhos. O mundo dos sonhos precisa ser construído, com trabalho árduo e muita colaboração. Algumas ideias pautadas brilhantemente pela organização do evento, foram:

 

  1. Dilemas da Saúde no Mundo: neste painel, foi abordado o cenário da saúde no mundo e como muitas das situações vivenciadas no Brasil são comuns em outros países. Também foram apontadas as iniciativas americanas para mitigar os crescentes custos com saúde por parte do setor público. Os novos modelos de pagamento têm sido um dos movimentos mais expressivos, determinado por lei, visto que não é característica do setor público americano a prestação do serviço, vez que referido setor é visto como um financiador de saúde para parte da população. Os debatedores do Fórum de Saúde Suplementar deixaram a mensagem de que temos muito a aprender com modelos existentes na Europa e Reino Unido, embora o modelo brasileiro tenha se desenvolvido à semelhança do modelo americano;

 

  1. APS – Atenção Primária da Saúde: ficou evidente a percepção dos grandes players de que este é um caminho necessário pela busca de uma atenção à saúde mais eficaz, com foco no beneficiário. A coordenação do cuidado é um dos papéis que pode ser desempenhado por uma equipe multidisciplinar de atenção primária e os maiores desafios residem em:
    1. Gestão da saúde: nos últimos anos, as iniciativas foram muito concentradas na gestão de crônicos e eventos assistenciais de alto valor. Atualmente, vemos mais maturidade na detecção precoce de diagnósticos de doenças e recomendação de realização de procedimentos preventivos mediante uso de predição via data analytics;
    2. Capacitação profissional: o médico não está sendo capacitado para agir como médico de família. As preferências de formação têm sido guiadas pelos estímulos econômicos e ainda não há uma mensagem clara do mercado que redirecione os profissionais em formação. A academia acredita que a formação se adequará de forma sistemática quando houver o claro incentivo;
    3. Integrar atenção primária com secundária (especialistas) e terciária (internação): criar o vínculo de confiança entre os elos da cadeia que permita a referência e contra referência, acesso ao prontuário e abertura para discussão do melhor tratamento entre as diferentes equipes que poderão cuidar de um indivíduo. Esta integração passa também pelo desafio de como a informação poderá circular entre estas equipes e manter a segurança dos dados privados do indivíduo, sendo blockchain uma das alternativas citadas no evento;
    4. Integrar o agente pagador (empregador) neste processo: durante o 4º Fórum de Saúde Suplementar ficou claro que cada vez mais os grandes empregadores se envolvem com a questão da saúde de seus colaboradores, inicialmente por assistencialismo, mas, nos dias de hoje, maciçamente, motivados pelos crescentes custos, que não são facilmente suportados. Tem sido tendência a troca de planos em pré-pagamento para planos pós-pagos e a participação da empresa na negociação de pagamento de eventos de alta severidade;
    5. Aspecto cultural: existe a preocupação de que, mesmo feito todos os investimentos necessários para a mudança, o beneficiário poderá apresentar-se resistente ao modelo de APS e inviabiliza-lo como um todo. Contudo, no testemunho do empregador que testou este modelo dentro do Hospital Sírio Libanês para seu corpo de colaboradores, ocorreu redução de atendimento em Pronto Socorro em 50%, com forte adesão ao novo modelo.

 

  1. A Informação para a saúde de qualidade: sobre esse tema, os palestrantes e debatedores comentaram bastante sobre prontuário eletrônico e foram além, pois há o desafio de permitir que as informações de cada atendimento estejam acessíveis para toda cadeia que poderá atender este indivíduo, inclusive do atendimento público e privado. As informações de atenção à saúde, hábitos de vida e comportamentos também podem se integrar com estas plataformas e permitir intervenções baseadas em predição. Com solução para essa demanda, será viável entregar uma atenção à saúde:
    1. Mais assertiva
    2. Com redução significativa de desperdício
    3. Melhor uso das tecnologias e recursos disponíveis

 

Raquel Marimon
Presidente
 

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Data da notícia: 25/10/2018

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