Riscos dos planos de saúde não reduziram, só aumentaram

Riscos dos planos de saúde não reduziram


Riscos dos planos de saúde

Antes de tudo vamos entender o setor: são mais de R$ 215 bilhões em mensalidades de planos de saúde – a expressão correta é contraprestação, mas vamos lá: não é um nome simpático.


São 47,6 milhões de brasileiros cobertos por planos de saúde privados:

Um crescimento em despesas assistenciais, de 2016 a 2019 que variou de 8% a 12% ao ano. Encontrando pela primeira vez em mais de 20 anos, uma redução, no ano 2020, de 7,5% (considerado indicador VC, considerando dados públicos disponibilizados pela ANS e tratados no painel de indicadores, veja aqui).
 
Desafios enfrentados em 2020
  • Criação de leitos adicionais (em especial OPS com rede própria) ou adequar rede de atendimento à uma nova doença, que tem custo de internação de R$ 8,6 mil para os tratamentos em leito cínico (+ 24%) e R$ 46 mil (+ 200% ) em tratamentos que demandaram internação em leito de UTI, conforme o Boletim Covid da ANS, culminando na experiência de nossos dados em um aumento do custo médio por internação em 27%.
  • A necessidade e aumento do custo com materiais, medicamentos e equipamentos de proteção em ambiente de escassez (bem lembrado pelo comentário do Bruno).
  • Redução de acesso a saúde de forma geral. Observamos aumento no número de pessoas que não utilizaram o plano de saúde em 2020, em especial nos meses abril, maio e junho, o que poderá significar maior severidade no tratamento de doenças no médio prazo em razão de adiamento ou diagnóstico tardio de doenças.
  • A tão celebrada redução de atendimentos em pronto socorro, sim este é um indicador a ser celebrado, pois a saúde deve ser cuidada de forma contínua e programada e não apenas na urgência, traz também uma redução significativa nos atendimentos em consultas médicas agendadas. Este já é um indicador de preocupação, pois as pessoas deixaram de buscar atenção.
  • Em decorrência da queda de atenção preventiva e estruturada, observamos um significativo aumento de atendimentos em Pronto Socorro que se convertem em internação (de 5,8% para 9,6%).
  • A inclusão imediata de exames de diagnóstico nova doença foi muito bem-vinda e celebramos sob o ponto de vista assistencial a garantia de liberação imediata para a cobertura de exame de diagnóstico de Covid-19, pois esta medida pode auxiliar na batalha contra a propagação desta terrível pandemia.
  • Nos exames de alta complexidade observamos um aumento de mais de 160% para Tomografia Computadorizada de Tórax, exame que tem servido de apoio diagnóstico para o Novo Coronavírus.
  • De uma forma geral, o número de pessoas internadas foi menor do que em anos anteriores, apresentando, contudo, um maior número de dias de internação, em média.
  • Não aplicação de reajuste nos valores de mensalidades, por decisão do órgão regulador.
 
Quando observamos estes dados em um período de tempo maior, digamos desde 2015, fica evidente a migração das despesas assistenciais em regime hospitalar para a atenção em regime ambulatorial.
 
Esta característica se dá em razão de diversos fatores, mas o principal é a evolução da ciência médica, que traz inovações aos tratamentos e maior segurança ao paciente, passando a realizar diversos procedimentos de forma cada vez menos invasiva.
Agora, o burburinho em voga é sobre possível indicador de reajuste de planos de saúde que represente uma deflação, ou seja, um reajuste negativo.
 
Basta – aí já é demais!
Não há que se falar em reajuste de plano de saúde em percentual negativo! Quando falamos em reajuste, estamos nos referindo a uma novação de um acordo entre partes que visa garantir risco futuro.
 
Os riscos que os planos de saúde assumem não reduziram. Pelo contrário, aumentaram. 
 
Pois além de todos os riscos já cobertos anteriormente, tem-se mais o risco desta nova patologia que além do custo de seu tratamento direto passará a incluir o tratamento de eventuais sequelas.
 
A pandemia (oxalá acabe logo) é temporária. O contrato de plano de saúde não. Não há que se falar em valor de mensalidade para risco temporário e de duração incerta. Se soubéssemos com certeza a data de fim desta maldita até poderíamos pensar numa ponderação sob este aspecto, mas não no contexto de incertezas atual.
 
Veja outro ponto de vista sobre o tema. Artigo IBA referente reajuste:
 
Conheça também o estudo de Impacto novo rol RN 465/21.
 
 
 
 
 Raquel Marimom
 Diretora Executiva
 
 
 


Data da notícia: 18/05/2021

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