Insights sobre o painel de precificação da ANS - jun/2021
Em diversas áreas é fundamental poder contar com ferramentas para auxiliar na tomada de decisão para a melhor visualização da situação. Na saúde suplementar não seria diferente. Neste artigo, trouxe alguns insights sobre o Painel de Precificação, uma ferramenta disponibilizado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) de acesso público.
No dia 27/08/2021, a ANS atualizou os dados do Painel de Precificação: um estudo que levanta informações acerca dos valores médios de comercialização dos planos de saúde praticado pelo mercado, tendo como referência os últimos cincos anos até junho/2021.
Todos os gráficos foram retirados do "Painel de Precificação Junho/2021 - ANS"
Através do Painel de Precificação (edição junho/2021) verificamos que, no período de 2016 a 2020, há cerca de 638 operadoras de planos de saúde (OPS) com planos ativos, sendo em sua maioria cooperativas médicas (43%), seguida das medicinas de grupo (36%).
Com relação aos planos ativos, apesar das OPS de pequeno porte representarem 53% do mercado, seus produtos correspondem a 28% do total de planos ativos, sendo o restante uniformemente dividido entre médio e grande porte (36% para ambas). Sobre o tipo de contratação, observamos uma concentração nos coletivos empresariais, os quais representam 50%, contra 27% e 24% de coletivos por adesão e individuais ou familiares, respectivamente.
É importante destacar ainda que, em junho/2021, ocorreu o maior aumento do número de planos observado nos últimos 5 anos, sendo inclusive que de 2018 a 2020 observamos decrescimento:
Chama-se atenção também que, enquanto em 2017 havia 1,16 notas técnicas por produto, em 2021 essa relação ultrapassou 1,21. Esta mudança é justificada, sobretudo, pela maior representatividade das notas técnicas regionalizadas, conforme gráfico 2:
Esse tipo de NTRP existe para possibilitar que um mesmo produto (único número de registro) seja comercializado com preços diferente em distintas regiões. Sendo necessário então, que o plano tenha vigente junto a ANS cada NTRP que baseie o valor da região. Esta estratégia ocorre por diversos motivos, sendo um deles que o custo médio de um beneficiário pode ser significativamente diferente em localidades distintas, sobretudo devido aos custos da rede prestadora a que ele está mais exposto, bem como pelo padrão cultural de utilização.
Com relação a composição dos valores das mensalidades, é possível verificar que cerca de 52,5% das sugestões de preços são relativas as despesas assistências, ou seja, aquelas destinadas para o pagamento de exames, consultas, cirurgias, terapias, bem como outra relacionada à cobertura de saúde do usuário. Já as despesas não assistenciais, as quais são representadas principalmente pelos custos comerciais, administrativos, tal qual lucro entre outras, corresponde, em média, a 35,4% dos valores das mensalidades. É importante ressaltar que as duas métricas, quando somadas, não representam 100%, uma vez que, os valores estudados na NTRP sofrem influência de outros fatores, sobretudo os ajustes para respeitar as regras de variação por mudança de faixa etária (RN nº 63/2003).
Todas essas informações (e muito mais), estão disponibilizadas de forma bem clara e dinâmica no Painel de Precificação (link), sendo mais uma rica ferramenta que pode ser utilizada pelos players da saúde suplementar (e pela sociedade) para auxiliar no posicionamento do mercado e nas tomadas de decisões.
Mateus Salles Rocha
Miba 3360
Data da notícia:
23/11/2021