FENASAUDE e APS

Nos dias 22 e 23 de Outubro de 2018 a Federação Nacional de Saúde Suplementar – FenaSaúde realizou o 4º Fórum da Saúde Suplementar no Rio de Janeiro, o evento contou com participação de autoridades brasileiras (três ministros) e estrangeiras para contribuir no desenvolvimento do setor de Saúde sob o tema

“O Desafio da Eficiência em Saúde: Um Debate Inclusivo”. O debate passou ainda por Atenção primária à Saúde, estratégias para enfrentar o aumento dos custos, dilemas da saúde no mundo, economia e a saúde no cenário nacional, e o futuro da informação.

Expondo o futuro da informação, tivemos uma novidade que foi o aplicativo do Fórum, que podia ser baixado e oferecia na palma da mão uma série de funcionalidades. A principal delas foi poder entrar em contato diretamente com qualquer pessoa que estava usando a ferramenta. O usuário podia enviar perguntas diretamente aos palestrantes, responder enquetes e acompanhar todas informações do evento. Uma grande evolução que trouxe agilidade na interação.

Importante ressaltar que o principal tema do evento foi Atenção Primária à Saúde - APS, com foco em ações de prevenção e promoção à saúde. Seguindo um movimento mundial. A FenaSaúde defende a adoção da APS, sendo assim, no evento foi lançado uma cartilha didática sobre o tema para esclarecer o conceito e apontar os caminhos para adoção desse modelo.

Falando sobre APS, o professor Robert Pearl fez a observação no sentido de que mudando o contexto se muda também a percepção. Destacou o que denominou como 4 pilares:

  1. Integração (médicos, prestadores, operadoras, etc);
  2. Pagamento (Mudança na forma de pagamento atual);
  3. Tecnologia (Prontuário eletrônico);
  4. Liderança.


Abaixo compartilho um slide da apresentação do professor Gustavo Gusso que destaca bem a diferença entre o modelo atual de clínica quando comparado à Atenção Primária à Saúde - APS:

A mudança é muito difícil, mas o pagamento influencia bastante. O importante é acrescentar valor ao invés de custo. Nesse modelo de cuidado integral à saúde, destacou-se que o modelo de pagamento por capitation pode ser amplamente utilizado.

Ficou claro a necessidade de debater os princípios básicos, pois, por exemplo, nos grandes centros possuímos uma saúde suplementar de primeiro mundo, o que não necessariamente é o que a população pode pagar.

A visão do órgão regulador é que todos os envolvidos no processo de integração devem colocar o beneficiário no centro da discussão, inclusive os contratantes, pois a maioria dos beneficiários fazem parte de contratos coletivos.

Existe uma grande dificuldade que é o modelo de pagamento, por ser uma questão fundamental para reinvenção do setor de saúde suplementar. Todos, mas principalmente as operadoras, devem avaliar a estimulação da mudança na forma de pagamento, alguns especialistas defendem que um sistema misto pode ser a melhor opção.

Foram apresentadas “barreiras” adicionais no setor privado para implementação da APS:

- RN259 protege a oferta/lógica do especialista
- Há de fato um desejo de mudança?
- Há expertise na gestão?
- Se houver uma efetividade na assistência quem ganha e quem perde?
- Qual o papel das sociedades de especialistas?

Em contrapartida, foram apresentadas também algumas sugestões:

- Não confundir: protocolo vs indicadores vs sistema de suporte a decisão clínica
- Incorporar jovens gestores com expertise em APS
- Modelo mais importante que formação em um primeiro momento
- Incorporar enfermeiras clínicas
- Profissionais precisam trabalhar com carteiras ou listas de pacientes

Falando das enquetes, foram apresentadas quatro no aplicativo do evento, para interação dos mais de 900 participantes e chamo a atenção para uma:

Qual é o maior desafio do sistema de saúde brasileiro?

As opções de resposta foram: Financiamento, Gestão, Integração Público-Privado e Envelhecimento da população. Gestão ganhou com 57% dos votos, o que no meu ponto de vista ratifica a necessidade de integração e diálogo no setor.

É sabido que o setor passa por pontos críticos como: envelhecimento populacional, abuso na utilização por parte do prestador, fraude e desperdício, judicialização, dentre outros. Como é possível todos os agentes do setor terem uma visão simétrica? Acredito que quando atravessarmos a barreira da “desconfiança” generalizada será um grande passo.

A palavra do “momento” é transparência e a informação está diretamente liga a ela. A parceria e a transparência andam lado a lado e juntas podem contribuir para evitar o desperdício. Os problemas do setor são enormes, mas cabe à “nós” resolvermos, e estabelecendo o diálogo de integração pode ser um caminho para o final feliz.

Deixo, ao final, algumas perguntas que o evento nos trouxe para reflexão:

- Inovação tecnológica, benefício ou custo?
- Como conter a inflação médica?
- Como colocar o beneficiário no centro da atenção?
- Forma de pagamento, como avançar na mudança de modelo?
- Qual o principal desafio da APS: estrutura, formação do profissional ou cultural?
- Qualidade e baixo custo, são compatíveis?


Luiz Fernando Amaral
Gestão de Negócios
 

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Projeto de Atenção Primária ANS

Os Primeiros Passos da OPS para o produto de Atenção Primária


Data da notícia: 01/11/2018

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