Diagnóstico das internações Pré pandemia x Período pandêmico

Diagnóstico das internações Pré pandemia x Período pandêmico

1.Introdução

O momento vivido em 2020 foi desafiador para o sistema de saúde pública e suplementar no Brasil. No início uma doença ainda desconhecida, se espalhava rapidamente entre a população, gerando um caos no mundo. Nos hospitais faltavam leitos comuns ou UTI (Unidade de Terapia Intensiva), respirador, médicos e enfermeiros, suprimentos como medicamentos, luvas, máscaras. No geral, houve escassez em diversos itens relacionados a saúde, seja de insumos ou profissionais.

Para detecção da evolução da doença e o controle do vírus, o termômetro começou a ser medido pelo indicador de taxa de ocupação dos leitos hospitalares comuns e em UTI’s.

De acordo com o Boletim de Covid-19 divulgado pela ANS com dados atualizado até agosto de 2021 a ocupação de leitos de UTI para atendimento à Covid-19 apresentou redução de 2 pontos percentuais em relação a julho (de 61% para 59%); já para os leitos comuns, houve aumento de 6 pontos percentuais (de 51% para 57%). A taxa de ocupação, tanto de leitos comuns como de UTI para demais procedimentos apresenta estabilidade desde fevereiro de 2021. Desde o início da pandemia, houve uma redução na procura dos beneficiários por atendimento em pronto socorro que não geram internações, com queda mais acentuada em abril de 2020. O custo da diária de internação com UTI para Covid-19 ficou 21,8% acima do custo para internação cirúrgica e o tempo de internação para Covid-19, com ou sem UTI, se manteve superior às internações clínica e cirúrgica.

2.Objetivo

Sendo assim vamos abordar nesse artigo características especificas no âmbito de internações e demais procedimentos a nível de especialidade médica.

Para análise deste estudo foi utilizado a base de dados ACPS (Anuário de Custos de Planos de Saúde – Funcional/Prospera) referente ao ano de 2020 (pré pandemia com dados até fevereiro/2020) bem como o ano de 2021 (período pandêmico com dados até fevereiro/2021).

3.Dados de Análise

3.1 Análise dos beneficiários

Inicialmente faremos um breve relato sobre os beneficiários que contemplam os 2 períodos acima mencionados dos ACPS analisados nesse estudo.

  • Observa-se que houve aumento de 4% no número de beneficiários assistidos em 2021 no qual se manteve a relação de beneficiários por sexo, sendo 55% público feminino e 45% masculino, além de manter também a relação da quantidade de Titulares 59% e dependentes 41%;

 

3.2 Análise das Internações

Nesse tópico faremos as análises relacionadas aos Tipos de Internações. No mercado de saúde, as internações podem ser do tipo Eletivo ou de Urgência, e suas 3 classificações sendo elas, Cirúrgica, Clínica e de Parto.

 

  • Segundo dados ACPS, identificamos uma redução de 5,18% da quantidade de internações em 2021, momento no qual o vírus encontra-se controlado, e tal fenômeno se justifica na queda de procura dos beneficiários por atendimento eletivo;
  • As internações eletivas em 2020 representavam 72,88% do total de internações, em 2021 no cenário pandêmico passou para 66,24%, representando uma redução de 13,82% de um ano para o outro;
  • Em contrapartida em 2021, houve um aumento significativo de 18,05% em quantidades, bem como aumento de 41% do custo médio nas Internações em caráter de Urgência, o que corrobora com os dados apresentado pela ANS.

  • Quando analisamos as classificações de internações, o que chamou a atenção foi o aumento significativo de 22% no número de Partos em 2021, quando comparado com o período anterior.
  • Em relação as internações clínicas observam-se uma redução de 22%. Esse percentual reflete a não realização de diversos tipos de cirurgias clínicas que foram adiadas em virtude da COVID-19, pois foi preciso realocar leitos específicos para o tratamento da COVID em detrimento de leitos destinados a outras causas.
  • Já a cirúrgica se manteve nos dois períodos muito em decorrência da urgência/emergência.

  • No quadro acima, fizemos uma análise mais detalhada da Classificação de Internação aberto por Tipos de Internações, chamando a atenção para que em todas as 3 aberturas, a internação em caráter de urgência teve aumento nas utilizações.

Conforme matéria publicada pela PEBMED (Atendimentos ambulatoriais por acidentes domésticos aumentaram 303% durante a pandemia - PEBMED), houve um aumento de 303% em atendimentos por acidentes domésticos, corroborando com os dados e as informações apresentadas pela Prospera | Funcional.

 

3.3 Análise das Internações por Tipo de Procedimentos

Nesse tópico faremos as análises voltadas para os Tipos de Procedimentos dentro das Internações.

  • A especialidade de Ortopedia, Ginecologia e Clínica médica permaneceram no ranking dos maiores custos em internação nos 2 anos analisados.
  • Observa-se que a especialidade Nefrologia teve maior aumento no custo médio para o ano de 2021 (45%) mesmo com menor quantidade de utilizações. Esse resultado tem relação com a Covid – 19, pois em grande parte dos casos de COVID-19 (grave) havia desdobramentos de problemas nos rins.
  • Além disso, observa-se que a especialidade pneumologia não aparece no ano de 2020, mas está no ranking dos 15 maiores custos em Internação em 2021.
  • Levando em consideração os efeitos do isolamento social, observamos que as especialidades que cuidam da alimentação e metabologia tiveram salto nas utilizações devido ao aumento da compulsão alimentar / obesidade.

4.Conclusão

Dessa forma, podemos aferir que a pandemia afastou os beneficiários dos hospitais, clínicas médicas e centros de diagnósticos. Sendo utilizado apenas em caráter de urgências e/ou tratamentos que já estavam em andamento.

Ainda assim, observa-se um aumento nas internações de urgência, bem como aumento expressivo no custo assistencial, principalmente nos insumos hospitalares em função da alta demanda em atendimentos no período pandêmico.

Em contrapartida, houve uma redução nas internações eletivas, no qual ocasionou numa demanda reprimida, impactando diretamente na prevenção e diagnósticos de doenças que será observado nos custos assistenciais dos planos de saúde para os próximos períodos.

 

5.Autores

Francine Leite – Atuária MIBA 3.504
Tatiane Delazari – Atuária MIBA 2.67

 


Data da notícia: 11/01/2022

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