Demanda reprimida de custo assistencial pode trazer impacto a plano de saúde

Pandemia: demanda reprimida de custo assistencial nos planos de saúde


Entenda o que é demanda reprimida de custo assistencial

A pandemia da Covid-19 foi oficializada no fim de fevereiro de 2020, e no mês seguinte a ANS – Agência Nacional de Saúde Suplementar orientou as operadoras de planos de saúde a adiarem consultas, exames e cirurgias não urgentes a fim de liberarem leitos de sua rede para os infectados pelo novo vírus. E, além disso, tentar evitar novas infecções. No início de maio de 2020, a ANS anunciou que as operadoras poderiam garantir o atendimento eletivo no dobro do prazo previsto na regulamentação vigente.

Por consequência das ações reguladoras, e também por iniciativa dos próprios beneficiários, diante do risco de contaminação, nos meses seguintes as operadoras relataram que a demanda por procedimentos eletivos reduziu expressivamente.

Todos esses aspectos contribuíram para que os atendimentos eletivos aos beneficiários de planos de saúde em 2020 não ocorressem no volume esperado.

Demanda reprimida de custo assistencial

Um levantamento realizado pela Funcional, em que foram analisados dados de aproximadamente dois milhões de beneficiários em operadoras de diversos portes, identificou que, em relação ao volume de despesas assistenciais esperadas para 2020, deixaram de se apresentar: 27% das despesas em atendimentos ambulatoriais eletivos, 39% das despesas com internações clínicas e 51% com internações cirúrgicas.

As urgências reduziram em pouco mais de 40% em relação ao que se esperava para o ano.

Essa baixa demanda por serviços se apresentou de forma mais concentrada no segundo trimestre de 2020 e voltou a crescer a partir do terceiro trimestre do ano passado. Entretanto, no final de 2020 os níveis de disseminação da Covid-19 voltaram a crescer e uma segunda onda, ainda crescente, assusta a sociedade e lança dúvidas de como será o comportamento dos planos de saúde em 2021.

A partir dos resultados observados em 2020, é possível direcionar algumas decisões das operadoras em processos como precificação de planos de saúde a partir de bases de dados com experiências subestimadas e ajuste de orçamento em relação à despesa assistencial.

Entretanto, se espera que em 2021 o volume de infectados e o agravamento dos pacientes beneficiários vítimas da Covid-19 sejam maiores, o que pode trazer novas variáveis no comportamento dos custos, diferenciando-se do que observamos em 2020.

Além do mais, condições como diagnóstico tardio de doenças, interrupções no tratamento de crônicos e aumento dos casos de transtorno mental, entre outras condições, podem ter como consequência econômica um maior custo concentrado num menor volume de beneficiários.

Ainda há muita incerteza, mas como atuários temos a responsabilidade de contribuir com o planejamento do segmento de saúde suplementar, mesmo correndo o risco de errar nas estimativas, sob o entendimento de que é melhor uma previsão com grande margem de erro do que uma absoluta falta de perspectiva.

 

 

 

  Italoema Sanglard
  Gestora Atuarial

 


Data da notícia: 30/03/2021

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