Cuidados paliativos: a importância dessa discussão e sua relação com o preço do plano de saúde

Muito se fala sobre os cuidados paliativos. Entretanto, apesar de extremamente importante, poucas vezes é feita uma reflexão sobre a relação dos referidos cuidados com a precificação dos planos de saúde.


Na definição, paliativo é algo: atenuante, calmante, aliviador, amenizador, mitigador, suavizador. Ou ainda: algo que melhora ou alivia momentaneamente, mas não é capaz de curar ou resolver o problema.

Diferente do que muitos possam pensar, cuidados paliativos são recomendados para diagnósticos que levam a morte e não aos que não têm cura. Isso foi o que aprendi hoje no Seminário “Decisões na Saúde”, promovido pelo IESS – Instituto de Estudos de Saúde Suplementar, em painel do Dr. Daniel Neves Forte, presidente da ANCP – Academia Nacional de Cuidados Paliativos.

O que precisamos ter em mente é que não faz sentido transferir ao familiar o ônus da decisão em uma situação clínica sem que se aborde adequadamente as opções existentes.

A importância do diálogo sobre cuidados paliativos

O diálogo do especialista deve ser feito com o propósito de auxiliar o paciente e sua família a decidirem o que se deseja e qual o objetivo do cuidado, ou tratamento, a ser buscado. Só a partir disso é possível traçar a melhor forma de encarar a doença conforme o desejo do paciente.

Se o objetivo do paciente for viver a qualquer custo, sem limite de recursos financeiros, então isso deve ser priorizado. Entretanto, também é possível que seu objetivo seja apenas ficar com a família, estar lúcido enquanto vive ou ainda voltar a trabalhar. Quando as possibilidades são apresentadas com clareza e há entendimento do objetivo de vida do indivíduo, o caminho fica óbvio e a UTI deixa de ter sentido em determinadas situações. Permitir que o indivíduo faça uma escolha certa, maximiza o que é vida para a pessoa e não para a medicina.

A iniciativa do cuidado paliativo deve ser iniciada no momento do diagnóstico de uma doença irreversível. O profissional com preparo adequado irá auxiliar na tomada de decisões, prestando uma orientação completa e descrevendo as possibilidades e os limites que o paciente e sua família devem saber. Ele vai cuidar do sofrimento do paciente e da família, de maneira a permitir que a pessoa viva da maneira mais ativa possível, dentro do cenário que se apresenta.

Depois da morte, um dos maiores medos do ser humano é o medo do sofrimento no processo de morte. A sensação de saber que tudo que puder ser feito para que o indivíduo não sofra dá uma motivação adicional, reduz a ansiedade e a depressão no processo da doença, o que pode influenciar na sobrevida do paciente.

O trabalho da equipe médica é interdisciplinar e deve ajudar a família a lidar com o luto.

Poucos profissionais têm capacitação e motivação para fazer isso adequadamente. Somos humanos e é comum protelarmos o momento de deixar de fazer tudo que está ao alcance da medicina para manter um organismo vivo, independente das condições de vida que este indivíduo terá. É chegado o momento de permitir que o paciente circule nas unidades de atenção de acordo com suas necessidades e não com base nas necessidades do sistema de saúde.

Cuidados paliativos e o preço do plano de saúde

E o que isso tem a ver com formação de preço de plano de saúde. A resposta é simples: tem tudo a ver. Seja pelo fato do impacto econômico no custo do tratamento por doença, ou mesmo no quanto um hospital poderá se beneficiar com sua adoção em modelos de pagamento por performance, orçamento global ou por episódio (bundle payment).


Raquel Marimon
Presidente


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Data da notícia: 13/12/2018

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