A inflação médica ficou negativa, e agora?

Inflação médica apura a variação dos preços no setor de saúde

Inflação médica é o termo que atribuímos à variação de custo médio gerado por um beneficiário de plano de saúde, em um ano, em relação ao gasto médio no ano anterior.

Esse índice de variação expressa tanto a variação de preço dos serviços quanto a variação da demanda por serviços de assistência médico-hospitalar.

Nos últimos meses, vivemos dias muito diferentes de todos os outros que já conhecíamos. A pandemia mudou o comportamento das pessoas e, obviamente, essas mudanças refletiram na procura dos serviços de assistência médico-hospitalar.

Um levantamento realizado em amostra de dados de 11 operadoras, com mais de um milhão de beneficiários de planos de saúde, indicou que os atendimentos ambulatoriais eletivos reduziram 36% em média, enquanto nas internações eletivas clínicas e cirúrgicas essa redução chegou a 50%, especialmente no segundo trimestre do ano.

Redução da demanda gera inflação médica negativa

Em diversas operadoras, a redução da demanda gerou um índice de inflação médica negativo, quando avaliamos o gasto médio dos

beneficiários de planos de saúde nos 12 meses mais recentes, em relação a 12 meses anteriores.

Isso significa que os preços dos planos de saúde vão reduzir? De modo algum! Essa demanda por serviços que deixou de ocorrer na pandemia, em grande parte está reprimida e os beneficiários podem voltar a buscar esses atendimentos, até então não realizados, a qualquer tempo.

Além disso, muitos casos não assistidos de forma eletiva podem evoluir para situações mais agravadas que tendem a gerar mais custos pelas operadoras.

Especificamente quando se fala em reajuste dos planos de saúde, há de se considerar que a operadora mantém acordos de remuneração com os prestadores.

Esses acordos podem não ter uma relação direta com a demanda por serviços, como os casos de remuneração por orçamento global e capitation, que se tornaram mais comuns nesse ano, para evitar que os prestadores de serviços fossem impactados com a queda dos atendimentos eletivos. E, consequentemente, com a queda de faturamento pelo modelo de remuneração fee for service.

Nos casos em que a operadora observar a inflação médica negativa, deve-se negociar a fixação de indicadores gerais de inflação nos contratos coletivos. Ou mesmo não aplicar o reajuste financeiro, tendo ciência de que esse comportamento mais recente ainda pode mudar de forma expressiva nos meses seguintes e, consequentemente, no desempenho dos contratos no próximo ano.

 



  
Italoema Sanglard
  Gestora Atuarial


Data da notícia: 23/12/2020

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