USP reprova vermífugos em testes de laboratório

Estudo ainda encontrou dois medicamentos animadores; cloroquina também foi reprovada
14/07/2020 11:46 - Da Redação

Um estudo da Universidade de São Paulo (USP) chegou à conclusão que vermífugos não são boas respostas para o tratamento da Covid-19. A ivermectina e a nitozaxanida – princípio ativo do Anitta-, são medicações que ganharam destaque no Brasil depois que alguns estudos laboratoriais sugeriam grande eficácia na eliminação de carga viral.

“Nossos resultados sugerem que essas drogas são pouco específicas e não atendem aos critérios necessários para testes in vitro com modelos animais”, diz o biólogo Lucio Freitas Junior, coordenador da Plataforma de Triagem Fenotípica do Instituto de Ciências Biomédica (ICB) da Usp.

Isso porque, segundo a equipe, os vermífugos combatem o vírus ao mesmo tempo que destroem as células infectadas. Eles afirmam que seguindo os parâmetros modernos de desenvolvimento de drogas já excluiria essas medicações dos testes com seres humanos.

“Se o vírus depende da célula, e você afeta a célula, é claro que vai afetar o vírus. Mas não adianta matar o vírus se você mata o hospedeiro junto”, explica Freitas. “Seletividade é essencial.”

Outra droga que ganhou alta popularidade, e faz partes dos coquetéis de tratamento ao covid-19, é a Hidroxicloroquina. Inicialmente, ela, de fato, se mostra altamente eficaz e seletiva contra o SARS-CoV-2 em ensaios in vitro. No entanto, estudos clínicos demonstram que ela não é efetiva no organismo humano, além de carregar o risco de efeitos colaterais graves para alguns pacientes.

Em nota à imprensa, os pesquisadores afirmam que “redirecionar o uso de uma droga já existente para o tratamento de uma outra doença é bem mais simples do que desenvolver um medicamento novo do zero, mas não deixa de ser um caminho longo, complexo e repleto de incerteza”.



Metodologia

Para chegar às conclusões, os cientistas utilizaram uma técnica chamada triagem fenotípica. Primeiro as células são infectadas como o vírus em questão em várias dosagens. Depois, os medicamentos são aplicados em laboratório para comprovar a eficácia por meio de imagens de microscopia e moléculas fluorescentes.

Outros agentes também foram testados, 65 para ser mais preciso. Duas medicações apresentaram resultados animadores. Brequinar e acetato de abiraterona foram os grandes vencedores desta primeira etapa. De todo os medicamentos, as duas substâncias são as mais indicadas para passar para os testes com seres humanos.

O brequinar ainda não está no mercado, mas é amplamente testada pela indústria farmacêutica como antitumoral e antiviral. A outra medicação é utilizada no tratamento do câncer de próstata.

O estudo laboratorial tem 10 autores, incluindo colaboradores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e de outras duas unidades da USP: Instituto de Biociências (IB) e Instituto de Física de São Carlos (IFSC).

Fonte: Correio do Estado - MS


Data da notícia: 14/07/2020

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