Por que a vacina da Pfizer/BioNTech pode nunca chegar aos brasileiros

Pouco mais de dez meses após a identificação do Sars-CoV-2, o coronavírus causador da pandemia atual, o mundo já tem a sua primeira vacina testada e aprovada. O Reino Unido anunciou ontem que o imunizante BNT162b2, desenvolvido pelas farmacêuticas Pfizer e BioNtech, está liberado para uso no país e começará a ser aplicado nos cidadãos de lá a partir da semana que vem. 

E o Brasil? Será que temos alguma perspectiva do uso deste produto em nosso país? Pelas informações divulgadas até o momento, não existe nenhuma definição e há o risco de ficarmos sem acesso a ele.

Desafio logístico.

 A grande controvérsia é que suas doses precisam ser armazenadas a -75 °C, uma temperatura que demanda equipamentos especiais. Essa exigência pode dificultar o transporte e a chegada das doses a regiões mais afastadas e com pouca infraestrutura. Outras candidatas, como a Sputnik V, a CoronaVac e os produtos desenvolvidos por AstraZeneca/Universidade de Oxford ou Johnson & Johnson requerem uma refrigeração que varia entre 2° C e 8° C, valor facilmente obtido pelas geladeiras convencionais.

Por meio de nota enviada à imprensa, a Pfizer deu a sua versão sobre os fatos e as alegações. A empresa diz que possui um plano logístico detalhado e ferramentas para o transporte, o armazenamento e o monitoramento das doses na temperatura preconizada. "A companhia ainda argumenta que sua vacina, cujos resultados já foram enviados para análise da Anvisa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, pode ficar num refrigerador comum por até cinco dias. " "Isso viabiliza a vacinação, principalmente na situação atual em que se pretende vacinar o maior número de pessoas em curto espaço de tempo."

Por fim, a nota destaca que outros países da América Latina com uma condição parecida a do Brasil, como Chile, Peru, México, Panamá e Costa Rica, já assinaram acordos de compra e têm condições de operacionalizar a aplicação das doses a partir do início de 2021. Em entrevistas recentes, o CEO da farmacêutica no Brasil, Carlos Murillo, , o governo não respondeu aos contatos para negociar vendas antecipadas das doses da vacina.

Portanto, mesmo se o Brasil fizer um acordo com Pfizer e BioNTech nos próximos dias ou semanas, estará bem atrás na fila de espera. A prioridade de entrega dos primeiros lotes será para as nações que anteciparam os seus pedidos.

O que resta ao Brasil?

O Brasil, pelo contrário, lançou todas as suas fichas numa parceria para compra e transferência de tecnologia da formulação desenvolvida por AstraZeneca e Universidade Oxford. Outra fonte importante de imunizantes ao país é a Covax Facility, uma iniciativa da Organização Mundial da Saúde para distribuição de algumas das vacinas às nações menos desenvolvidas.

Há ainda alguns acordos feitos pelos Estados. É o que acontece com Paraná e Bahia, que têm contrato assinado para receber futuramente a Sputnik V, do Instituto Gamaleya de Pesquisa, da Rússia. O cenário é parecido com a CoronaVac, do laboratório chinês Sinovac, que firmou um convênio com o Instituto Butantan, em São Paulo.

Passos finais da corrida antes de aplicar qualquer vacina, é necessário que os estudos preliminares de fase 3, que testam a eficácia e a segurança do produto, sejam divulgados. Essa etapa já foi cumprida por quatro concorrentes: Pfizer/BioNTech, Moderna, Instituto Gamaleya de Pesquisa e AstraZeneca/Universidade Oxford. Os três primeiros tiveram uma taxa de eficácia superior a 90%, que foi considerada ótima. Já no caso de AstraZeneca/Universidade Oxford, justamente a aposta do Ministério da Saúde, houve um erro na condução dos testes clínicos. Isso levantou algumas dúvidas sobre os resultados e pode atrasar um pouco a sua chegada.

Diante das últimas informações, o clima por enquanto é de indefinição: ainda não sabemos quais das vacinas serão realmente utilizadas.

Fonte: Uol


Data da notícia: 03/12/2020

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