Inflação Médica 2019
Rotineiramente nos deparamos com a afirmativa de que reajustes de planos de saúde são abusivos ou desnecessários, tendo como base a comparação entre os reajustes praticados pelas operadoras e os indicadores gerais de inflação. Essa argumentação, equivocada, embasa decisões do setor privado, do setor público e até do judiciário.
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Para fundamentar a afirmação de que esse entendimento é equivocado, é necessário esclarecer que a inflação saúde é composta por dois pilares: a variação de preços, sendo este equivalente aos índices financeiros, e a variação na demanda por serviços assistenciais.
Sendo assim, o objetivo deste estudo é decompor a evolução dos custos de saúde do ano de 2019, em relação ao ano de 2018, nas duas vertentes apontadas no parágrafo anterior. Para a realização dessa decomposição, foram extraídas as informações de despesas e utilização em uma amostra de 21 operadoras com aproximadamente 1,9 milhão de beneficiários.
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Sob o ponto de vista das despesas de uma operadora de planos de saúde (OPS) é possível segmenta-las em dois grandes grupos: as despesas assistenciais e as despesas não assistenciais. Ressalta-se que as despesas não assistenciais são aquelas compostas pelas despesas operacionais, administrativas, comerciais, financeiras e tributo, entretanto não serão estudadas, tendo em vista que o foco deste trabalho são os custos assistenciais.
As despesas assistenciais, ou também chamadas de custo de saúde, são o objeto de pesquisa deste estudo, uma vez que elas são compostas pelas despesas das OPS com os prestadores de serviços (hospitais, médicos, laboratórios, clínicas, entre outros), destinadas a remunerá-los pelo atendimento prestado aos beneficiários, o que sua variação reflete, sobretudo, na inflação saúde. Ressalta-se que estes custos representam a maior parte das despesas das operadoras médicas, variando entre 75% a 95%, dependendo das características particulares de cada uma (segmentação, área de abrangência, público alvo, entre outras).
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Logo os custos da saúde são determinados, essencialmente, pelo volume de utilização dos serviços pelos beneficiários e pelo valor pelo qual a operadora remuneração os prestadores quando realiza cada serviço.
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Já o valor da remuneração por cada serviço é negociado entre operadora e prestadores, além do fator relacionado ao desenvolvimento tecnológico que substitui procedimentos antigos por novos procedimentos, em geral mais caros, e não necessariamente com melhores resultados de saúde, seja no aspecto do diagnóstico ou do tratamento, mas que impõe tanto às operadoras, quanto aos prestadores, o constante investimento em suas infraestruturas.
No gráfico a seguir apresentamos a representatividade de cada um destes itens no custo total da saúde das operadoras:
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Apresentamos na tabela a seguir a variação do custo médio e da frequência de utilização de cada grupo de serviços:
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Por fim, chama-se atenção também o grupo relativo às internações onde foi observado uma pequena redução no custo, entretanto um significativo aumento na utilização, chegando em quase 26%.
Com relação às frequências é observado um aumento mais agressivo em “MatMed”, o qual foi mais que suficiente para aumentar a utilização de internações no todo, uma vez que todos os outros subgrupos se apresentaram estáveis ou com pequenas reduções em relação ao ano anterior.
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Frente a isso, o custo de saúde cresceu 8,08% do ano 2019 para o ano 2018. O mercado costuma nominar este efeito de inflação médica. Salienta-se que, com a decomposição deste índice por efeito exclusiva da demanda e do custo, verificou-se que ambos contribuíram positivamente para o aumento da despesa assistencial, conforme abaixo:
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Ressalta-se que o mesmo estudo realizado referente à variação do ano de 2017 para 2018, indicou uma inflação saúde de 12,24%, porém ocorreu um comportamento diferente, com expressivo aumento devido a demanda (12,85), mas um baixo efeito devido a variação dos preços (0,41%).
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Data da notícia:
11/02/2021