Inflação Médica 2018

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Inflação Médica 2018

É comum encontrarmos comparações entre indicadores gerais de inflação e os reajustes de planos de saúde, em que geralmente se conclui que os reajustes são superiores a inflação geral, sendo até acusados de “abusivos”. Porém a inflação saúde é composta pela variação de preços dos serviços de saúde, e também pela variação na demanda por serviços de saúde.

Neste estudo, desenvolvido a partir de uma amostra de 17 Operadoras com aproximadamente 1 milhão de clientes, nos propomos a demonstrar a composição da evolução dos custos de saúde deste grupo de 2018 em relação a 2017.

É importante ressaltar que as despesas de uma Operadora de planos de saúde podem ser divididas em dois grandes grupos: as despesas assistenciais, que neste estudo chamamos de custos de saúde, e as despesas não assistenciais.
 

Custos de saúde - (Despesas Assistenciais)
Prestadores de serviços (hospitais, médicos, laboratórios, clínicas, entre outros), destinadas a remunerá-los pelo atendimento prestado aos usuários dos planos de saúde.

Despesas Não Assistenciais
Despesas operacionais, despesas administrativas (despesas com pessoal, manutenção de estrutura, serviços terceirizados e outros), despesas de comercialização, despesas financeiras e tributos.

As despesas assistenciais, foco deste estudo, representam a maior parte das despesas totais das operadoras médicas, variando de 80% a 95%, dependendo do tipo de Operadora (cooperativa médica, medicina de grupo, filantropia, autogestão e seguradoras).

 

Logo os custos da saúde são determinados, essencialmente, pelo volume de utilização dos serviços pelos beneficiários e pelo valor pelo qual a operadora remuneração os prestadores quando realiza cada serviço.

O volume de utilização dos serviços pode ser influenciado por mecanismos de regulação adotados pela Operadora, como coparticipação para reduzir utilização desnecessária e implantação de programas de promoção da saúde para melhorar a condição de saúde dos beneficiários, por exemplo. Além disso há a revisão da lista de serviços cobertos obrigatoriamente pelas Operadoras a cada 2 anos, bem como o envelhecimento da população que resulta em maior demanda por serviços.

Já o valor da remuneração por cada serviço é negociado entre Operadora e prestadores, tais como hospitais, clínicas, laboratórios, entre outros, e também há o fator desenvolvimento tecnológico que substitui procedimentos antigos por novos procedimentos, mais caros, e nem sempre com melhores resultados de saúde, seja no aspecto do diagnóstico ou do tratamento.

A variação de despesas assistenciais por beneficiário, ou inflação saúde, das Operadoras analisadas neste estudo, entre 2018 e 2017, foi de 12,77%.


O objetivo deste estudo é demonstrar qual a contribuição do aumento da demanda e qual a contribuição do aumento dos preços dos serviços na composição deste índice de inflação. Para isto analisamos isoladamente os efeitos das variáveis “frequência de utilização” e “valor médio” dos serviços.

Segregamos as despesas assistenciais entre despesas com internações (que chamamos de hospitalares) e as demais despesas assistenciais (que chamamos de ambulatoriais), e cada um destes grupos foi subdividido em: consultas médicas, serviços auxiliares de diagnóstico e terapias – SADT de baixa e alta complexidade, atendimentos ambulatoriais, materiais e medicamentos, taxas, diárias (no caso de despesas hospitalares) e outros itens que não se enquadram nos grupos formados.



As ocorrências ambulatoriais representam 59% das despesas assistenciais, sendo que o grupo com maior peso é o de Serviços Auxiliares de Diagnóstico e Terapia de baixa complexidade - SADT 2 (16%), seguido das consultas médicas (15%) e dos materiais e medicamentos – MATMED (15%).

Já entre as despesas hospitalares, o grupo com maior peso foi o de MATMED (19%), seguido de diárias (8%) e taxas hospitalares (5%).



Apresentamos na tabela a seguir a variação da frequência de utilização de cada grupo de serviços:


Conforme evidenciado, o grupo de materiais e medicamentos foi o que mais teve aumento de valor médio e de demanda entre os itens de despesas ambulatoriais, e as taxas tiveram maior aumento nas despesas assistenciais, porém com redução na demanda.

Nas contas de internação, os valores de materiais e medicamentos também foram os que sofreram maior aumento de preço, embora com pequena redução na demanda.




 

Ou seja, o custo de saúde cresceu 12,77% do ano 2017 para o ano 2018, o mercado costuma nominar este efeito de inflação saúde, contudo:

6,39% corresponde a variação de demanda de atenção a saúde; e

6,32% corresponde a variação dos preços praticados pelos prestadores de serviços.

Ressalta-se que o mesmo estudo realizado referente à variação do ano de 2016 para 2017, indicou uma inflação saúde bem menor para o mesmo grupo de Operadoras (1,73%), porém ocorreu um comportamento diferente, com expressivo aumento no preço dos serviços (12,92%), mas com decréscimo na demanda (9,39%), reduzindo o resultado final de variação do custo saúde.


 

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Data da notícia: 08/07/2019

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