Percepções iniciais sobre os impactos do coronavírus em planos de saúde

Quais serão os impactos do coronavírus em planos de saúde? Neste artigo, eu comento um pouco sobre esse tema

Dado o momento pelo qual estamos passando, o meu artigo dessa semana não poderia falar de outra coisa a não ser o Covid-19. Porém, diferentemente da maioria dos textos e opiniões que tenho lido sobre a evolução dos casos, capacidade de leitos e recursos, letalidade, grupos de risco etc, o meu objetivo é compartilhar um pouco do ponto de vista atuarial desse cenário, ou seja falar sobre os impactos do coronavírus em planos de saúde.

Nesse sentido, o primeiro risco em que penso é o de subscrição, ou seja:

  • Será que as operadoras de planos de saúde terão condições de arcarem com seus compromissos financeiros nesse contexto?
  • Será que a receita dessas operadoras, provenientes das mensalidades, será suficiente para manter o pagamento das despesas?
  • Será que as despesas assistenciais, em razão do atendimento aos infectados, aumentarão muito?

Essas são perguntas que ainda estamos tentando quantificar e, apesar de ainda não termos números exatos para respondê-las, possuímos algumas expectativas baseadas na experiência de todo nosso time.

Os impactos do coronavírus em planos de saúde

No curto prazo, esperamos que a frequência de beneficiários internados – que hoje é de pouco mais de 10% ao ano (base de dados da Prospera) – aumente expressivamente. Por outro lado, as internações eletivas por outras causas que não sejam o coronavírus devem ser postergadas por iniciativa da própria operadora, com o consenso da ANS e por iniciativa dos próprios beneficiários, que estarão receosos quanto ao risco de contaminação ou conscientes das prioridades do setor de saúde.

Além disso, o custo dessas internações deve aumentar em razão do tempo de recuperação –quando comparado ao tempo médio geral, as internações do coronavírus duram 5 dias a mais. Considerando que o protocolo de tratamento seja similar ao de pneumonia, porém sem a medicação correta, esse tempo deve se alongar muito mais pela necessidade de quarentena, mesmo nos casos menos severos.

No médio prazo, um dos impactos do coronavírus em planos de saúde é a provável dificuldade no recebimento de alguns contratantes, em razão da consequente crise econômica e até da diminuição do número de beneficiários. Entretanto, antes dessas exclusões, poderá haver um excesso de demanda por serviços, como observamos em 2017 com o aumento do desemprego. Sabendo do tempo limitado de permanência nos planos que os beneficiários terão, as demandas por mais serviços tendem a crescer.

É relevante considerar, também, que as internações eletivas adiadas retornarão em algum momento e que isso acontecerá, possivelmente, após o pico do Covid-19 no Brasil, em meados de maio/2020, segundo indicações de especialistas.

Fora todos os aspectos já citados, o isolamento pode trazer consequências psicológicas que podem se refletir em outras complicações que demandarão por serviços dos planos de saúde.

Serão tempos difíceis...



 Italoema Sanglard
 Gestora Atuarial


 

 

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Data da notícia: 24/03/2020

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